Especialistas veem necessidade de a economia se reinventar


Thiago Mattos

Depois de perder posto de Líder na produção de grãos, o Sul pode usar diversidade industrial a seu favor



A economia do Sul do País dá sinais de que precisa se reinventar. Durante décadas líder da produção de grãos, a região perdeu o posto para o Centro-Oete desde a safra 2011/2012. Também houve redução da participação dos Estados do Sul no Produto Interno Bruto (PIB)nacional e a economia da região foi a que apresentou menor crescimento entre 2002 e 2010. 

"É um processo natural, na medida em que o Sul já tem sua área agriculturável estável, enquanto no Centro-Oeste ocorreu a grande expansão Agrícola", afirma Adalmir Marquetti, professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Até a safra 2010/2011, os Estados do Sul detinham o maior volume de produção e de área cultivada para grãos no Brasil. 

Desde então, o Centro-Oeste assumiu a dianteira e mantém a tendência de expansão. 

Para Marquetti, a nova dinâmica da produção Agrícola nacional ainda não prejudica a economia do Sul. "Teremos um problema econômico se a indústria produtora de tratores, máquinas e implementos agrícolas sair do Rio Grande do Sul." 

Os números das Contas Nacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no entanto, mostram que a região perdeu 0,4 ponto porcentual em participação no PIB brasileiro entre 2002 e 2010, enquanto Norte, Nordeste e Centro-Oeste viram seu peso na economia nacional aumentar (em 0,6; 0,5; e 0,5 ponto porcentual, respectivamente). 

Mesmo com um crescimento de 149% do PIB entre 2002 e 2010, o Sul também registrou o menor avanço entre as regiões brasileiras, com o Sudeste (149%). A Região Norte, por exemplo, registrou progresso de 191% no PIB no mesmo período, seguida por Centro-Oeste (170%) e Nordeste (165%). 

Idiossincrasias. Mesmo com o sinal amarelo ligado na região, estudiosos indicam que as particularidades do Sul podem jogar a seu favor a Cada Estado tem suas peculiaridades regionais. Há bastante diversidade em termos de indústrias em cada um deles", diz J. R. Sanson, professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. "Se os projetos de celulose se efetivarem no Rio Grande do Sul, haverá um impacto positivo no Estado, onde já existem algumas atividades promissoras, como a vinícola no extremo sul", afirma Leonardo Monastério, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O pesquisador destaca ainda a importância dos serviços qualificados em Santa Catarina e a expansão da indústria do Paraná. 

Também favorece a região a descentralização da indústria automobilística do Sudeste, que vem encontrando no Sul uma boa alternativa. "Isso era algo esperado, dada a importância de sua indústria de autopeças, com importantes fornecedores das empresas de automóveis de outras regiões", afirma o professor J. R. Sanson. 

Além disso, comparado ao resto do País, o Sul sustenta bons índices socioeconômicos. "A economia catarinense é a que tem se mostrado como a mais diversificada, moderna e com desempenho mais intenso. Em termos de renda per capita, Santa Catarina está à frente dos demais Estados e tem indicadores sociais que o colocam como um Estado desenvolvido", diz Monastério. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o índice de Desenvolvimento Municipal de Santa Catarina (0,774) está entre os maiores do Brasil.